sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dentre todos os sorrisos, era o seu que eu procurava. Dentre todas as felicitações, era a sua que eu esperava. Dentre todos os presentes, era você que eu queria. Dentre toda alegria, na sua ausência encontrei a tristeza de ver que não faz nada do que me diz, que promete o vazio, que me quebra repetidas vezes sempre que acredito que me reconstrui para sempre. Ainda assim, se quer saber, foi um felicíssimo aniversário. Bem vinda aos 18 anos.

domingo, 27 de setembro de 2009

Liberdade e Primavera

Abri as mãos e, incrivelmente, as borboletas voaram. Não por dor, lágrimas irrigaram meu rosto até despencarem ao chão, no qual flores nasceram. Ensurdeci para tudo aquilo que não fosse o ruflar daqueles insetos alados, o cantar do vento entre as folhas, ou a terra remexida pelo riacho. Ceguei para tudo aquilo que não fosse cor de frutas maduras, pássaros indo ao encontro do sol, ondas apaixonadas pela areia. Perdi o olfato para tudo o que não fosse brisa úmida e salgada, terra molhada, cabelos ao ar. Deixei de degustar tudo o que não fosse corpo, que não viesse d'alma, que não fizesse amor com meu paladar. E não mais toco nada que não seja pele quente, sorriso ardente, que não me envolva plenamente em um manto sagrado e, tão controversamente, carnal. Quando abri minhas mãos, libertei-te de mim. Libertei-me de ti. E tive a doce surpresa ao descobrir que estavamos ligados por um elo que jamais sequer poderiamos explicar. Não adianta desejar que outros ouçam, vejam, cheirem, degustem ou toquem o que pertence apenas a nós dois. Jamais saberão que o que falo de fato existiu. Mas eu simplesmente sei. Simplesmente sinto. Ao impulsionar teu voo, dei-me o maior presente que poderia ter. A certeza que pertencemos um ao outro e que isso independe de nós. Por hoje, não me importa quem dorme ao teu lado. Por hoje, sinto que posso ser de quem eu quiser. Porque, ainda que só por hoje, sei que estamos apenas migrando rumo ao destino. E meu destino és tu. Não preciso ter certezas, não preciso de racionalidade, não preciso equacionar o amor. Ele existe. Nós existimos. O amanhã é o infinito a ser desvendado. E entrego-me às minhas aventuras orando para que novamente, em um futuro doce, voltemos a nos cruzar. Tempo ao tempo. Pois tudo há de acontecer como deve ser. E, finalmente, mesmo que apenas por hoje, estou certa de que nossas almas se completaram no dia exato enquanto nossos corpos um dia hão de se completar. Deus jamais permitirá que eu me perca de ti.
Descobri na liberdade, meu amor, que ainda te espero em cada noite de luar. Amar, amar, amar. Eu não preciso que outros aprovem ou deixem de aprovar. Mesmo quando te encontras com outras, por tolice, talvez até ingenuidade, eu sei, meu bem, que ainda estamos a nos procurar. O destino há de nos trazer aos braços um do outro, mais uma vez. Desta vez, para sempre.
Te amo. E creio que jamais deixarei de te amar.

domingo, 20 de setembro de 2009

vidro.

-Enche o copo, velho!
Eu disse, já meio zonza, sentindo o sangue vibrar enérgico, inundando minhas veias com algo que imaginei parecer a sensação de estar viva.
-Enche logo essa porra de copo, velho!
Confesso, o gosto enjoativo daquele vinho ruim era quase intragável...quase. Ainda assim ele escorria garganta abaixo. Acendia brasas em meu estômago.
-Outro?
O velho olhou-me desconfiado. Adivinhei seus pensamentos e imediatamente despejei algumas moedas no balcão.
-É, outro.
Ele recolheu os metais circulares, tão valiosos neste mundo, e logo em seguida o som do àlcool chocando-se no fundo do copo inundou meus ouvidos. Aos poucos me afastava das conversas de bar, dos flertes de boteco, daquelas luzes baixas deprimentes. Aos poucos não ligava mais para as mesas e cadeiras de plástico decoradas com logotipos de cerveja, nem prestava atenção na falta de higiene daquela louça toda empilhada em uma pia semi-a-mostra logo atrás do balcão. O relógio e os nomes das bebidas socadas em uma prateleira curta na parede tornaram-se ilegíveis.

E eu tragava o intragável, como sempre na vida!

Tragava o intragável.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Repetição

Algumas vezes, quando a noite esfria e eu não consigo mais dormir, flagro-me sentada na ponta da cama, agarrada aos joelhos dobrados como se aquilo evitasse que até minha alma me abandonasse ali sozinha. Enquanto as lágrimas escorrem, eu rezo para o telefone tocar e clarear o quarto, torço para ser sua voz do outro lado da linha iluminando minha noite sem lua.
No entanto, não há ninguém discando meu número agora. E eu não faço idéia de onde você foi ou o que está fazendo. Afogo em mim mesma outra vez. Sufoco no mar vazio que há em mim e espero... espero desesperadamente a sua volta. Deixo qualquer ponta de esperança apossar-me, eu preciso viver para... Para que afinal eu preciso permanecer viva? Se você não precisa de mim, então nada mais faz sentido. Eu vou apenas cantar para mim mesma outra vez, chorar outra noite e, no dia seguinte, limpar as lágrimas e acordar. Algum dia eu ficarei bem.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Prelúdio do em vão

O céu cinza era apenas o prelúdio do meu dia estendendo-se acima de mim. Eu caminho todos os dias sob o céu, em passos orientados já não sei mais por quem. Pensamentos perdidos esvoaçando enquanto meu corpo já não fornece mais resistência às pancadas das ondas que marejam em meus olhos.
Indecifrável entre milhares de sombras que trombam diariamente comigo. Às vezes eu ainda me impressiono ao notar que nem mesmo as dezena de pessoas que se considerariam 'mais próximas' percebem meu estado de espírito. Eu disse perceber? Perdão, eu quis dizer aceitar. Vasculham minhas expressões, reprimindo aquelas não desejáveis. "Seja mais simpática", "sorria", " por que está olhando deste jeito?!", "Eu reconheço que esta mais quieta hoje", "não desconte nos outros, você tem que continuar falante".
E eu visto novamente o personagem que todos querem ver. Ah, doce palhaço de circo. Eterno bobo da corte fadado a divertir os outros com sua sagacidade não compreendida. Só em sua inteligência.
No fundo todos me lançam olhares;

"Lá está a estranha sem coração.
Quem se importa? É só uma estranha sem coração.
Seus sentimentos existem em vão."

E eu retruco aos berros aguniados com a angústia que ainda há em mim;

"Se esta aqui é uma estranha sem coração.
É porque todos os seus sentimentos foram sofridos em vão.
Meu coração foi arrancado à mão."

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Partituras

Foi num rompante que percebi ao que estava fadada. E talvez somente eu estivesse. Olhei ao meu redor, escutei batidas como nunca! Mergulhei em mim. Descompasso. Sim, eu sou descompasso. Em um mundo em que corações desajustados buscam outros igualmente desajustados para dividir o mesmo compasso, eu sou descompassada.Meus batimentos cardíacos compuseram uma partitura única e desacredito que haja outro capaz de bater no mesmo ritmo, ao mesmo som.
Me disseram que dois corações tem que palpitar juntos para ser amor. Recuso! Recuso e recuso a ajustar-me a outro coração.Não me peça para palpitar seu ritmo. Eu não quero ser ritmo. Formei-me em descompasso, tornei-me descompasso. Se compassar-me a outrém, o que será de mim? Se de repente ouvisse a mesma melodia tão conhecida, encantaria-me por ela? Creio que por instantes eu estaria fascinada ao escutar meu som emanando de outro alguém. E nos instantes seguintes, escutaria. De tanto ouvir, conheceria. De tanto conhecer, entediaria. Decorar aquela musica traria a mim a morte do interesse.Eis que afundaria novamente em mim, a procura desesperada de algo inovador e, surpreendentemente, descobriria outro som. A partitura mudara. Aquele já não era mais quem batia junto a mim. Restaria apenas então aventurar-me outra vez no mar de sons. Seria eterna busca, eterna frustração. Barco predestinado a navegar as profundezas do oceano sem jamais encontrar seu porto.
Entretanto, se prosseguisse eu no meu descompasso e a sorte do acaso trouxesse a mim outra vibração harmônica, eis que encheria-me de felicidade! Não, não aquela que fosse idêntica a mim, mas sim a que me completasse! Seriamos eterna música, eterna sinfonia em sons que nunca saberiamos de cor, muito menos salteado. E cada dia que dormisse às margens de seu peito, ouviria novo concerto, fascinaria-me com novas notas. Graves e agudos de todos os jeitos que pudéssemos compor. Afinariamos, sim, nossos corações um ao outro. Mas sem que perdessemos aquilo que há de mais importante em nossa relação; a originalidade de sermos nós mesmos!

domingo, 5 de julho de 2009

Pássaro e àrvore.

Gente, hoje achei esse texto que escrevi ano passado, espero que vcs gostem =D




Pássaro e àrvore


O amor pode pousar em nós, como uma ave em uma àrvore, só por um breve instante, e depois voar para longe.

Ele pode aproximar-se apenas para colher o fruto que deseja, saciar-se e ir embora.

Assim como pode também construir um ninho, uma vida, e não nos deixar mais.

Certas vezes, ele se vai mesmo que queira ficar.

Outras vezes, a ave voa e seu ninho permanece, com vestígios da vida que ali um dia habitou.

O que esquecemos é que cada vez que uma ave leva consigo o fruto , leva junto a semente que vai germinar outra àrvore, em outro lugar.

O que seria da ave sem a àrvore para abrigar-se, alimentar-se e descansar?

E o que seria da árvore sem a ave para levar suas sementes além do horizonte?

A ave morreria de fome, sem abrigo, ou acabaria cansada demais para continuar seu trajeto e seria facilmente predada.

A àrvore não teria quem levasse suas sementes para longe, logo nunca teria parte de sí em outro lugar, ficando limitada.

Em uma relação, somos pássaro e somos árvore.

Colhemos e cedemos frutos, nos abrigamos e somos abrigados. E mesmo quando voamos para longe, levamos conosco parte do que deixamos para trás. Ainda quando somos deixados, continuamos a viver sabendo que outros pássaros virão.

Assim, não devemos criar gaiolas nem cortar nossas asas, pois sempre haverá uma àrvore para pousarmos, ou um pássaro para nos encontrar.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Desabafo

E se hoje eu quisesse só ficar quieta no calor de qualquer um e chorar?
E se eu precisasse ser vista sem sequer me expressar?
E se eu quisesse alguém que entendesse?
E se eu quisesse alguém que enxergasse o que está escondido?
E se eu precisasse ser resgatada por uma mão que não esperou eu estender a minha?
E se eu quisesse ouvir a coisa certa, mesmo que não estivesse certa?

De repente, todos aqueles que disseram que sempre estariam aqui... sumiram.

sábado, 4 de abril de 2009

Esperança

E eu fico estagnada em um sentimento corrosivo.
Ele cresce, dia pós dia, ele cresce.
Sou consumida por completo.
E esperneio em vão.
Todas as vezes que acreditei ter aprendido a lidar com isso, ele vêm a tona e prova que eu estava errada.
Sempre errada.
E quando acho que aprendi a conviver, percebo que a convivência não importa nada.
Ele está lá, pulsando em mim.
Explodindo meu peito em lágrimas.
Saudade é um sentimento triste,
Mas é saudade o que sinto.
Quando voltarás?

domingo, 18 de janeiro de 2009

Sensibilidade é essencial.

Percebo no dia a dia as pequenas mentiras pelas quais me deixei persuadir, por talvez exaustão de ir contra o que já foi dito tantas vezes que é uma quase verdade, por talvez o medo da decepção.
O que tenho sentido é uma falta de sentido.
Quando observo pequenos fragmentos de mim espalhados pela casa e por onde passo, por Deus, como alguém chega a tantos pedaços e continua inteira?
Cansei de máscaras, quem eles acham que enganam?!
Chegou à garganta o grito 'Eu sei quem vocês são, que diabos! Quem estão tentando enganar?'.
E ele morreu na garganta, quem sabe a enganada sou eu.
Eu não tenho mais saco para a televisão.
Eu não tenho mais saco para jornais e revistas.
Eu não tenho mais saco para falsidades sociais.
Enfim, eu não tenho mais saco para quase nada.
Eu olho nos olhos das pessoas e vejo outras pessoas.
E há quem pense que estou doente.
Eis a questão.
Seria sensibilidade doença?
É fato que ando suscetível a emoções que vem e vão, mais do que deveria.
Mas seria sensibilidade um mal?
Quem sabe se fossemos mais sensíveis ao que causamos nos outros, não evitaríamos mortes? Guerras? Tristeza?
Por que as pessoas ainda tentam enganar umas às outras?
É uma falta de sensibilidade para olhar pelo lado do outro. Falta de sensibilidade para refletir que uma palavra sua pode despedaçar alguém em tantas partes quanto você jamais imaginaria.
Eu entrei em um momento de busca por uma verdade, a minha.
Como dizia Cazuza; "Ideologia, eu quero uma pra viver."

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Vazio

Quando acordei ainda havia vestígios das lágrimas derramadas na noite anterior. Duas rolaram pelas maçãs do meu rosto enquanto pisquei tentando despertar. Levantei-me de má vontade enquanto enxugava meus olhos apressadamente, não queria topar com um de meus fantasmas no corredor com a prova da tristeza brilhando bem na minha cara. Por sorte, o corredor estava vazio. Vai ver todas as lembranças resolveram ficar nos pesadelos daquela noite mal dormida. Maldita noite.
Arrastei-me até o banheiro preparando meu psicológico para enfrentar uma das maiores dificuldades do dia-a-dia. Vi-me refletida diante dela.
Maldito espelho.
Encarei-me por alguns segundos, notando as rodelas roxas e inchadas que se formaram acima de minhas bochechas até finalmente o despertador lembrar-me que deveria estar me apressando. Voltei ao quarto e dei-lhe um belo tapa. "Hoje é sábado, seu idiota". Ainda assim admitia que era eu quem havia esquecido de desligá-lo.
Maldita memória.
Desci as escadas, passei pela sala sombria e finalmente estava na cozinha. O cheiro de café sendo coado não estava lá, eu teria de fazê-lo sozinha.
Após ter tomado três xícaras daquele liquido preto, amargo e ruim e ter comido um pão velho com nada dentro, engoli os remédios que prometiam me manter normal por quanto tempo durassem os efeitos. Sinceramente não acredito que os efeitos ainda durem. Pouco importa, eu não queria mesmo ficar normal.
Malditos remédios.
Com o estômago cheio, eu não tinha mais o que fazer. Na sexta-feira já havia arrumado aquela casa por completo, não queria me tornar maníaca por limpeza, afastaria ainda mais os amigos que já não tenho. Eu precisava arranjar ocupação antes que minha mente vazia começasse a vagar por lugares doloridos demais, eu não queria recordar. Era difícil, especialmente nos fins de semana.
Malditos fins de semana.
Resolvi sair de casa, minha pele há tempos sentia falta do calor do sol. Talvez ela merecesse esse prêmio por não ter mofado ainda. Larguei a xícara de café e a mesa suja de pão, assim teria o que fazer quando voltasse. Escolhi uma roupa qualquer e me perguntei se estava bom daquele jeito. Apenas uma das vozes da minha cabeça aprovou, e era aquela mesma que me importava. De qualquer forma, as outras desaprovariam seja lá o que eu fizesse.
Malditas vozes. (Menos a que aprovou, bendita essa...bendita!)
Lancei-me do portão da minha casa afora. Confesso, me surpreendi quando notei que o mundo não havia parado conforme minha vida. Pessoas ainda andavam freneticamente pra lá e pra cá. Carros buzinavam. Alguns pássaros arriscavam sobrevoar o trânsito enquanto outros preferiam a traquilidade de uma ou outra àrvore que estava na rua. Tive vontade de voltar ao meu cantinho escuro e isolado, humilhada pelo mundo que fazia questão de deixar bem claro o quanto eu era insignificante ali. No entanto, eu não podia fazer aquilo. Estava decidida a não ficar em casa remoendo minhas mágoas.
Malditas mágoas.
Caminhei pela calçada até achar o parque. As lágrimas voltaram aos meus olhos. Consegui contê-las. Um avanço! Passei a andar em um caminho de pedra no meio de algumas àrvores centenárias, estava entorpecida e disposta a permanecer assim. Não sentia mais tanta tristeza, nem alegria também. Mas em compensação não doía, e isso era o que importava. De repente eu vi você de longe correndo na minha direção, o torpor cessou, só que não me importei. Não até perceber que não era você quem vinha. Balancei a cabeça e continuei a caminhar. Cheguei a uma rua do outro lado do parque, cheia de gente. Resolvi me misturar na multidão, e foi nela que vi seus olhos em um homem, seus cabelos em outro, o sorriso parecido em uma criança. Meu psiquiatra não ia gostar de saber disso.
Maldito psiquiatra.
Mas quem disse que ele tinha que saber? Fui juntando os pedaços de você espalhados em outros corpos, e pouco a pouco minha mente foi se deixando enganar, permitindo que eu sentisse você vivo ali, perto de mim, sorrindo pra mim, olhando pra mim, cuidando de mim como você sempre fazia. E eu sabia que o cheiro de café na cozinha nunca mais ia voltar, porque você não estaria lá para fazê-lo. Eu sabia que a voz dizendo que aquela roupa era perfeita para mim jamais seria literalmente ouvida, porque você já não estaria mais lá para falar. E eu sabia que não deixaria a casa desorganizada, porque você não estaria lá para me arrancar da limpeza e me levar ao cinema, ou a um almoço para nós dois enquanto a sala estava uma bagunça. Você nunca mais voltaria, talvez eu nunca mais o veja. No entanto eu ainda precisava sentir você aqui comigo, pois só isso me ajudaria a sobreviver outro fim de semana sozinha e o resto dos meus dias massantes. Eu ainda preciso de você.
Maldito luto.