terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Indicação.

Olá a todos, peço desculpas pela falta de postagens. Ultimamente ando meio sem inspiração para escrever, espero que entendam. Hoje resolvi indicar uma peça da qual meu tio, Alexandre Acquiste, faz parte do elenco. Confio muito no gosto e no talento dele como ator, então gostaria de convidar a todos para assistirem a peça " Sexo verbal ", que apresenta um estudo de 2 anos sobre o discurso sexual.
A peça é apresentada às sextas-feiras e sábados, às 21h e vai até o dia 13 de Dezembro.
Local; Casarão Belvedere - R. Pedroso, 267, Bela Vista, região central, São Paulo - SP.
Tel; (11)3266-5272.
Ingresso 20 reais (estudantes pagam meia-entrada.)
Classificação etária; 18 anos. ( Pessoal de 16 pra cima que estiver com vontade de ver a peça, me avisa que eu dou um jeito xD).

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Futilidade.

Hoje estava um pouco entediada à tarde, pulando de canal em canal, procurando algo que parecesse interessante. Tive a infelicidade de parar em um programa qualquer, no qual uma linda menina comentava como sentia-se após ter posto 'silicone' nos seios. Entre comentários como 'as peitudas curtem mais a vida', 'sim, os homens me olham mais' e 'tripliquei meu lucro como modelo', houve um que me pareceu ainda mais decadente; 'Me sinto mais mulher agora'.
Acho que fiquei alguns segundos estática olhando para a tela sem acreditar ao certo no que havia ouvido. Detalhe; não fiquei sequer cinco minutos no tal canal para presenciar todos estes comentários da parte dela, com direito a aparições de uma amiga igualmente fútil e alguns homens olhando descaradamente o volume implantado.
Afinal, o que é ser mulher? Existem mulheres e 'mais mulheres'? E o que define que uma mulher é mais mulher que outra?
Acredito que todos entenderam que a razão dela se sentir 'mais mulher' é obviamente o novo tamanho de seu sutiã, acompanhado dos olhares por parte do sexo oposto (que parecia estar apreciando uma Ferrari, ou quem sabe um outro objeto cobiçado).
Em um século no qual as mulheres ainda têm de lutar por igualdade e respeito, deparo-me com um exemplo puro do pensamento machista incubado em uma cabeça frágil. Sinceramente, doeu dentro da minha alma.
Aos meus ouvidos, tal programa soou como um incentivo à injusta ditadura da beleza, dos padrões e da transformação da mulher em um objeto a ser explorado estéticamente. Um OBJETO. Para nos tornarmos mais mulheres, devemos ser mais objetais, mais risonhas, agradáveis, afáveis e amáveis para com o sexo oposto, mais peitudas, mais magras, mais bundudas, mais 'curvilíneas'. Devemos saber sambar, devemos usar nosso corpo e charme para conquistar o que desejamos.
Pouco importa a inteligência, a sensibilidade incomparável para com o mundo, a força de vontade, a maternidade, os desejos e pensamentos próprios que temos. Se quer ser uma mulher, seja bonita, gostosa, burra, comprável, descartável e, acima de tudo, 'comestível'.
Se você teve sorte e nasceu com a beleza quase inalcansável imposta pela mídia, meus parabéns, ao que parece você é mais mulher do que aquela que não se encaixa em tais quesitos.
O pior é que, mesmo conhecendo a grande futilidade disso tudo e do fundo capitalista de exemplos como este, a auto-estima feminina ainda fica abalada ao sentir que não chegou e não chegará a ser como estes exemplos.
Triste realidade.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ultimamente ando pensando muito a respeito do amor, do que ele significa, coisas do gênero. resolvi, por fim, postar uma das minhas histórias favoritas dentro da mitologia grega;


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Psiquê e Eros
"Havia em certa cidade um rei e uma rainha; eles tinham três filhas de notável beleza" (Apuleio 4, 28). A mais jovem, Psiquê, era tão formosa que o povo da cidade e até os estrangeiros adoravam-na mais do que a própria Afrodite; adoravam-na, mas ninguém a pedia em casamento.
A deusa Afrodite, ao ver seus templos e santuários se esvaziarem, decidiu vingar-se e encarregou seu filho Eros de fazer Psiquê se apaixonar "pelo mais abjeto dos homens". O rei, pouco depois, foi informado pelo oráculo de Apolo que a filha estava destinada a desposar um "monstro cruel como uma serpente, que voa pelos ares e não poupa ninguém" e que tinha de abandoná-la no alto de um rochedo.
Entristecido, o rei obedeceu ao comando divino; ninguém viu Zéfiro, o suave vento oeste, levar a jovem até um suntuoso palácio de ouro, marfim e pedras preciosas onde serviçais invisíveis atendiam seus menores desejos. À noite, em meio à total escuridão que não permitia enxergar nada, foi consumado o casamento de Psiquê com o impiedoso monstro da profecia — o próprio Eros, que se apaixonara por ela...
Embora nunca visse o marido e nem mesmo soubesse seu nome, Psiquê viveu feliz por muito tempo. Acabou, porém, sentindo saudades da família; implorou ao marido permissão para revê-la e o deus consentiu, a contragosto. Avisou-a, porém, várias vezes, para jamais revelar nada a ninguém e que nunca tentasse ver-lhe o rosto, sob pena de perder o marido para sempre.
Mas, enciumadas pela evidente felicidade de Psiquê e impressionadas pelos ricos presentes que ela lhes trouxera, as duas irmãs mais velhas convenceram-na a contar tudo e incutiram-lhe a idéia de que somente um monstro horrendo evitaria mostrar o rosto à própria esposa. À noite, já de volta, Psiquê esperou o marido adormecer e acendeu um candeeiro; sua mão, porém, tremeu ao reconhecer o deus e uma gota de óleo fervente caiu sobre ele, acordando-o. Ao se ver descoberto, Eros ergueu vôo e disse à esposa que ela nunca mais o veria.
Fora de si, Psiquê primeiro tentou se afogar, mas o rio jogou-a de volta à margem; depois, desesperada, começou a andar de cidade em cidade, à procura do marido. Encontrou várias divindades em sua peregrinação (, Deméter, Hera) e, por fim, chegou ao palácio de Afrodite. A deusa, ainda enciumada e enraivecida (havia sido enganada pelo próprio filho), humilhou-a e tratou-a pior que a última de suas escravas. Encarregou-a, ainda, de quatro tarefas impossíveis (na última, tinha até de visitar o Hades), mas as próprias forças da natureza ajudaram Psiquê a cumprí-las.
Eros, enquanto isso, conseguira obter o inestimável auxílio de Zeus. O pai dos deuses interferiu na questão com divina simplicidade: transformou Psiquê em deusa e avisou todos os deuses que aprovava o casamento dela com Eros. Assim, finalmente, tudo se resolveu: os dois amantes ficaram unidos por toda a eternidade e Afrodite voltou a receber as devidas homenagens."

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Início.

De repente, após todo este ano compenetrada em reservar meus pensamentos apenas a mim e a pouquíssimas pessoas ao redor, após ter aceito o conselho de calar minha boca e após ter contrariado um dos traços mais marcantes em mim mesma, o de não ficar quieta, o de questionar em voz alta, que pode ou não ser uma qualidade, mas que ainda assim carrego; Eu cansei.
Eis o motivo de estar aqui, criando este blog com a finalidade de expressar algumas opiniões e compartilhá-las, discuti-las, aperfeiçoá-las.
Sim, eu já tenho um flog, mas ali eu prefiro postar qualquer coisa que acontecer. O que quero aqui é montar um blablablá de coisas que noto e não consigo deixar passar.
De início, gostaria relatar uma experiência que tive meses atrás, causando uma que sensação não me abandonou. Estava andando pelo bairro da Liberdade, em uma noite fria, congelante. Rumo ao metrô. Nas escadarias, vi um menino tão negro, tão negro, que se não fosse o branco de seus olhos talvez não o enxergasse. Ele estava sentado em um degrau, com o corpo inteiro enfiado numa camisa suja bege obviamente muitos números acima do que deveria usar. Seus olhos, assim como os gestos, eram desesperados por qualquer tipo de caridade, mais do que isso, por um pouco de atenção.
Ansiavam que alguém não só o notasse, como o visse. Apesar de não concordar com a conduta das esmolas, acabei despejando algumas moedas em suas mãos.
Até então, apesar de comovida, não era algo que saísse da rotina de uma cidade grande e monstruosa como São Paulo.
O que me chocou foi que, lá de baixo, quando olhei para cima, vi, alguns degraus mais alto que eu, o menino ainda parado tentando vencer o frio e, alguns poucos degraus acima dele, uma dezena de jovens entre 13 e 20 e poucos anos se divertindo, rindo alto, estridente. Alheios àquela criança, alheios ao frio, alheios à tudo que não girasse em torno da atmosfera que criaram para si naquele momento.
Eis a sensação que não me abandona mais. Não me sinto capaz de descrevê-la, mas se aproxima de uma espécie de indignação, com frustração, com desprezo, com desespero, com um nada enorme.
Nenhuma daquelas pessoas via, ou se via, sensibilizava-se com a situação de uma criança que não tinha mais de 10 anos passando frio e fome poucos degraus abaixo de seus olhos. Ninguém se importava. Já estamos tão acostumados com a impunidade que nos tornamos hipócritas. Eu diria ''coisificados'', desumanos.
O que afinal somos? Que sociedade construimos, ou no caso da minha geração, que sociedade sustentamos?
Não acho que devêssemos parar de rir, de nos divertir. Mas não acho que devemos ignorar situações como essa, que cruzam nosso caminho diariamente.
Quando iremos reagir?